Da minha ultima postagem até hoje, minha vida virou de ponta cabeça umas boas vezes, e o tempo para escrever praticamente não existiu. Foram tantas mudanças e tanto acontecimentos neste período que, francamente, não me lembrava sequer ter este blog.
Pois bem. Neste período de ausência, uma das maiores mudanças em minha vida (em toda ela) foi a minha mudança de cidade. Em meus 32 anos, quase todos eles foram vividos em Franca, SP, cidade de médio porte no interior de São Paulo. Não por resistência a mudança ou algo do tipo, mas sim, por uma série de fatos que foram gerando outros e tive a felicidade de ser contratado por uma grande empresa, de porte nacional em minha cidade natal. Em outubro de 2010, recebi o convite desta empresa para me mudar para São Paulo, capital, onde havia sido então montada a nova base estratégica de negócios da empresa. Negociamos e por fim, tudo deu certo.
Desde janeiro de 2011, estou morando em São Paulo, fazendo parte daquele mar de gente que é aquela metrópole. Costumo dizer que São Paulo não se compara a nenhuma cidade do Brasil. Não podemos comparar, pois tudo lá tem proporções gigantescas, desde o número de pessoas, às oportunidades, negócios, custo de vida e etc.
E, coincidentemente ou não a esta mudança, comecei a ter uma percepção das coisas um pouco diferente daquilo que vivi quase que meus 32 anos de idade.
Quem tem um relacionamento mais próximo a mim, sabe que meu temperamento é meio pavio curto com as coisas que vejo como erradas, e que sempre tive uma análise mais justa das coisas que acontecem ao meu redor.
Em São Paulo, quando você está no trânsito, por exemplo, você passa um bom tempo esperando um semáforo abrir, ou até mesmo, esperando que o trânsito ande. É nesse momento que a coisa começa a tomar forma, ou seja, foi aí que comecei a analisar um pouco mais as coisas a minha volta.
De um morador de rua, a até mesmo um executivo que para ao seu lado em uma Ferrari, por exemplo, você começa a libertar um sentimento filosófico sobre tudo aquilo, questionando os caminhos que a vida oferece, e as escolhas que tomamos. O que levou o morador de rua que está a minha esquerda ser um morador de rua? O que levou o executivo à minha direita em sua Ferrari se tornar tudo aquilo?
Partindo do pressuposto que temos em nossa vida 50% de chances para que algo dê certo, e 50% de chances para que algo de errado, meus momentos filosóficos vão se tornando complexos, querendo descobrir onde foi a escolha certa, e onde foi a errada. As minhas, com certeza sei. Mas e o morador de rua e o executivo?
Será que as coisas acontecem por escolhas, destino, ou por eventos relacionados a cultura de cada um?
Nesta linha de viagens filosóficas, comecei então a pensar sobre o mundo perfeito. Qual seria a receita para o mundo perfeito, onde não existiriam os paupérrimos, bem como os milionários? Descobri que a receita existe, mas que infelizmente não é como um bolo, que colocamos fermento e fazermos crescer rápido.
Em uma análise simples, vamos a algumas questões que esclarecem meu raciocínio:
- Quem nunca furou uma fila, achando ser o esperto?
- Quem nunca viu que o caixa da loja deu troco errado, e virou as costas e foi embora?
- Quem nunca parou em uma vaga para deficientes ou idosos, justificando ser rapidinha a parada e que não teria problemas?
- Quem nunca fez ou ficou sabendo de alguém que burlou um esquema de ligações, clicando um determinado código no telefone para pagar menos e etc?
- Quem nunca jogou lixo na rua, porque não queria jogar dentro do próprio carro?
- Quem nunca fechou o carro que queria entrar na vaga, porque afinal, o trânsito é uma competição? Quem nunca achou um saco ter de sair de casa para ir votar, porque de nada adianta, as coisas continuarão iguais?
- Quem nunca sentou no banco da praça, ou em uma roda de boteco, e ficou reclamando que o Brasil é isso, ou aquilo, mas nunca fez nada prático para mudar?
Enfim, seriam tantos casos que acho que em um artigo simples aqui no blog não caberia.
Fazendo o “mea culpa”, não sou nenhum santo não. Com certeza alguma das coisas acima eu já fiz em algum momento sim. Mas, hoje, com certeza, não me orgulho disso, nem com a idéia de me achar esperto, ou de ter o “jeitinho brasileiro”, que eu acho uma vergonha quem bate no peito e diz tê-lo com orgulho.
Se você leu este artigo, e achou que o assunto é valido, comece a mudar você e as pessoas que te cercam. Incentive a mudança, incentive cada um fazer sua parte na receita por um mundo melhor.
Se cada um de nós fizer nossa parte, formos honestos, formos corretos com coisas simples, teremos condições de cobrar políticos, fazer exigências e etc.
Se eu vejo que a menina do caixa do mercado me deu o troco errado, viro as costas conscientemente e vou embora, me igualo a alguém que rouba, ou a um político que recebe propina.
Se eu não respeito uma vaga para deficientes físicos, me igualo a um deputado ou senador que se lixa para a opinião pública, ou não respeita as diferenças étnicas ou sexuais dos cidadãos.
Pense nisso. Ações simples são capazes de fomentar a corrente do bem, e construir um mundo melhor.
Toda ação, gera uma reação.
São estas ações que são o fermento da receita. Faça sua parte!